Dia 1 – Quando ser forte pesa demais
Hoje eu não quero maquiar o que sinto.
Hoje eu escrevo pra não explodir por dentro.
Porque tem um grito preso na minha garganta que não se traduz em “tô bem”.
Tem uma lágrima orgulhosa que não cai, mas arde.
E tem um vazio barulhento que ninguém escuta,
porque todo mundo só me enxerga quando eu sou útil.
Hoje eu me cansei de ser função.
Cansei de ser “a que resolve”, “a que escuta”, “a que aguenta tudo”.
Cansei de dar colo enquanto não tenho nem onde deitar.
É estranho descobrir que gente que anda ao meu lado só tá aqui pelo que pode levar de mim.
Pelo que posso oferecer.
Pelo que posso calar.
E quando eu me nego,
quando eu não consigo ser performance,
quando eu erro,
quando eu choro...
o silêncio vem.
E com ele, aquele pensamento que me apunhala devagar:
“Talvez eu só tenha valor quando sou necessária.”
Hoje eu odiei o espelho.
Mas não por vaidade.
Foi por pena de mim mesma.
Por olhar e ver alguém tão boa pros outros e tão ruim pra si.
Mas aí... eu escrevi.
E cada palavra foi lavando essa sujeira emocional que o mundo me impôs.
Transformei minha dor em poema,
meu nó em metáfora,
minha revolta em prosa.
E entendi que escrever não cura tudo
mas me salva um pouco de mim,
me abraça quando ninguém mais quer ficar,
e grita comigo quando minha voz falha.
Talvez isso aqui vire um livro.
Ou talvez só um abrigo.
Mas hoje, é o lugar onde eu existo sem ser útil.
Só por existir.
E isso… já é muito.