Edna Maria

 

"À Flor da Pele."



Textos

No fundo do peito tem um recomeço (no compasso do sentir)
Tem dias que a gente se olha no espelho e não vê ninguém. Só um rascunho cansado do que um dia já brilhou. Um sorriso automático, um olhar que finge, uma alma que implora silêncio. E é aí, nesse silêncio que grita, que mora a verdade: a gente tá exausto.

Não de viver — mas de fingir. Fingir que tá tudo bem, que não dói, que a saudade virou poeira. Mas ela não virou, não. Ela pesa. E pesa bonito. Principalmente à noite, quando o mundo se cala e o peito fala.

Tem um cansaço que não se vê. Ele mora na tentativa de ser forte o tempo inteiro. De ser resposta, direção, de dar conta — mesmo quando tudo dentro da gente só quer colo e um “fica aqui”.

Mas deixa eu te contar uma coisa, meu amor: no fundo desse peito afundado... mora um recomeço. Sim, ali mesmo, onde a dor plantou raízes, onde o medo fez casa. É dali que nasce a flor mais corajosa: aquela que brota no meio do caos.

A gente se salva quando parar de correr. Quando aceita cair. Quando entende que o fundo do poço às vezes é só o chão que a alma precisa pra finalmente parar de fingir voo e começar a abrir as asas de verdade.

Então, se hoje tu tá cansada, deixa. Senta. Respira. Deságua.
E quando terminar de chorar, olha pra dentro.
Porque lá no fundo... tu ainda és casa.
Tu ainda és lume.
Tu ainda és recomeço
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 17/04/2025
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