![]() |
![]() |
![]()
CORDEL DA RAÇA, DO SANGUE E DO SILÊNCIO
Por @dinhainocente
Nos livros da escola só vem metade, O resto sumiu na tal “verdade”. Apagaram preto, índio e mulher, Pra erguer a história que o branco quer. Do tronco à senzala, da cruz à espada, Foi tudo na bala, na força, na grada. Chamaram de fé, de lei e progresso, Mas era racismo em nome de acesso. Roubaram o ouro, a alma e o chão, E ainda chamaram de “civilização”. Invadiram aldeia, mataram pajé, Estupraram meninas, com farda e com fé. O chicote comeu nas costas do irmão, Pra erguer a casa do patrão. E hoje, no asfalto, no morro, no trem, É preto caindo, e ninguém vê quem. A elite se pinta de paz e cultura, Mas vive de sangue e de arquitetura. Não tem herói — tem genocídio, Mas botam no busto um tal de “mérito”. A terra é roubada, a cor marginal, A justiça é branca, o Estado é penal. Mas tem resistência, tem voz na quebrada, Tem quilombo vivo, tem aldeia armada. É a preta que grita, o índio que canta, É a mãe que resiste e não se espanta. É o povo acordando da história em coma, É a chama que nunca se doma! Não me venham com museu do Brasil, Se o chão ainda chora em Canudos e fuzil. Se o corpo preto cai, sem pena, no chão, E o Estado responde com omissão. A luta não é moda, é sobrevivência, É ferida aberta e resistência. É dizer bem alto, sem concessão: “Não há democracia em meio à opressão!” E quem cala diante desse esquema, Veste a farda do próprio sistema. Porque onde há dor sem reparação, A paz é só mais uma opressão.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 04/05/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
|
![]() |
Site do Escritor criado por
Recanto das Letras
|
![]() |