Edna Maria

 

"À Flor da Pele."



Textos

CORDEL DA RAÇA, DO SANGUE E DO SILÊNCIO
Por @dinhainocente

Nos livros da escola só vem metade,
O resto sumiu na tal “verdade”.
Apagaram preto, índio e mulher,
Pra erguer a história que o branco quer.

Do tronco à senzala, da cruz à espada,
Foi tudo na bala, na força, na grada.
Chamaram de fé, de lei e progresso,
Mas era racismo em nome de acesso.

Roubaram o ouro, a alma e o chão,
E ainda chamaram de “civilização”.
Invadiram aldeia, mataram pajé,
Estupraram meninas, com farda e com fé.

O chicote comeu nas costas do irmão,
Pra erguer a casa do patrão.
E hoje, no asfalto, no morro, no trem,
É preto caindo, e ninguém vê quem.

A elite se pinta de paz e cultura,
Mas vive de sangue e de arquitetura.
Não tem herói — tem genocídio,
Mas botam no busto um tal de “mérito”.

A terra é roubada, a cor marginal,
A justiça é branca, o Estado é penal.
Mas tem resistência, tem voz na quebrada,
Tem quilombo vivo, tem aldeia armada.

É a preta que grita, o índio que canta,
É a mãe que resiste e não se espanta.
É o povo acordando da história em coma,
É a chama que nunca se doma!

Não me venham com museu do Brasil,
Se o chão ainda chora em Canudos e fuzil.
Se o corpo preto cai, sem pena, no chão,
E o Estado responde com omissão.

A luta não é moda, é sobrevivência,
É ferida aberta e resistência.
É dizer bem alto, sem concessão:
“Não há democracia em meio à opressão!”

E quem cala diante desse esquema,
Veste a farda do próprio sistema.
Porque onde há dor sem reparação,
A paz é só mais uma opressão.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 04/05/2025
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