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Reverbera
Quando me calo por dentro
é porque tua ausência ainda ecoa — feito canção esquecida no tempo mas que insiste em tocar sem permissão. Se finjo um riso inteiro é porque parti em pedaços, colando vontades no espelho pra ver se o reflexo engana o coração. Quando chove por dentro e as palavras dormem no canto da boca, é que tua lembrança se deita comigo num lençol de memórias que não seca nunca. E se sonho, mesmo acordada, com teus passos cruzando os meus, é porque tua sombra ainda dança no quintal dos dias que não passam. Se ainda escrevo teu nome com tinta invisível nas entrelinhas da alma, é porque há um verbo em mim que não muda: amar-te — sempre, apesar. Apesar do tempo, dos ventos, dos outros. Apesar da queda das estações, do pó que cobre as promessas, e do mundo que gira como se nada tivesse acontecido. Mesmo assim, em mim, reverbera.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 06/05/2025
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