Edna Maria

 

"À Flor da Pele."



Textos

Quando um ser nasce em mim
Foi no silêncio que tudo começou —
um sopro, um brilho,
um segredo entre carne e céu.
Ali, sem anúncio, a vida se deitou
dentro de mim…
e fez morada.

Fecundei mais que um corpo.
Fecundei um sonho.
Um gesto de amor tão fundo
que me redesenhou.

Meu ventre —
se fez casa.
Meu tempo —
se fez outro.
Meus dias —
se tornaram eternidade em construção.

Entrega…
de ser ponte,
de ser chão,
de ser céu quando o medo se ergue.

Sim, houve medo.
Houve noites em que abracei a dúvida,
como quem embala um filho invisível.
E se eu não souber?
E se meu amor não bastar?

Mas bastou.
Porque amar é ser raiz
e ao mesmo tempo, vento.
É ensinar não com palavras,
mas com o gesto lento
de quem cuida, de quem espera,
de quem se refaz.

E ser amado…
Ah… ser amado é descobrir-se inteira
no reflexo dos olhos pequenos
que me escolheram.

Sou mãe.
Sou um lugar onde a vida mora.
Sou esperança que caminha,
sou abraço que nunca se demora.

Na expectativa do que virá,
na poesia do que já foi,
sou — para sempre —
a poesia de um outro ser.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 11/05/2025
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