Edna Maria

 

"À Flor da Pele."



Textos

Mãe: Morada do Infinito
Em mim germinou um mundo,
quando a vida, semente sutil,
tocou meu ventre em silêncio profundo
e fez da carne, um solo febril.

Fecundação — palavra que arde,
mais que ciência, é milagre e vertigem.
Entrega sem freio, coragem covarde,
de tornar-se morada de outro ser, sem origem.

Residência de um coração que não era meu,
mas bateu em mim, antes de qualquer nome.
Ali aprendi que ensinar é ver o céu
num olhar que ainda aprende a fome.

Medos me visitaram como vento noturno:
e se eu não souber? e se eu falhar?
Inseguranças moram no fundo do turno
das noites em claro, tentando amar.

Mas amar... amar é aprender a ser abrigo,
mesmo em ruínas, manter-se de pé.
É saber que o amor não é só consigo,
é deixar que o outro se ache em sua fé.

Ser amado é espelho, é susto e missão,
é ver nos olhos pequenos a mais pura verdade.
É conter no peito a eterna pulsação
da expectativa — esse parto em liberdade.

Sou mãe.
Fui chão, fui ninho, fui cais.
Serei para sempre esse laço que se desfaz,
mas nunca se vai.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 11/05/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários


 
Site do Escritor criado por Recanto das Letras