Edna Maria

 

"À Flor da Pele."



Textos

QUANDO EU ABRAÇO, EU TOMBO O MUNDO
Quando eu abraço, não peço licença.
Chego com corpo, alma, presença.
É trovão de ternura, vendaval de calor,
Braço que cerra pra não soltar o amor.

Meu abraço é inteiro, é fome, é laço,
É ninho, é cio, é recomeço e espaço.
É reza que se faz no silêncio do peito,
É grito calado que explode sem jeito.

Tem abraço meu que acende incêndio,
Que arrepia até o pensamento mais sério.
É gozo que começa na nuca,
E termina em promessa entre a alma e a peruca.

Quando eu abraço, eu curo ferida,
Eu conto segredo, eu salvo a vida.
É arte de se dar sem travas,
É deixar o mundo de pernas bambas.

Não tem “oi” nem “até logo”
— tem é mergulho fundo, sem desafogo.
Meu abraço tem história e tem chão,
É raiz de mangueira no meio do sertão.

Se for pra tocar, que seja com fervor,
Nada de toque morno, sem sabor.
Se for pra abraçar, que seja pra valer,
Com suor, com suspiro, com querer.

E se um dia faltar abrigo ou coragem,
Lembra: meu abraço é tua paisagem.
Porque quando eu abraço, eu viro oração,
Eu viro casa, eu viro multidão.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 15/05/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários


 
Site do Escritor criado por Recanto das Letras