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🕸️Corpo de Prova
Me disseram: “Você é livre.”
Mas quem me segue no mercado? Quem me lê como ameaça antes do meu bom-dia ser dado? Minha cor carrega passado que o presente insiste em negar. A história muda os nomes, mas não cansa de me julgar. O navio virou favela, o tronco virou cartão. O açoite virou salário e a corrente? Educação. Nascemos com culpa herdada, marcados sem tribunal. Aqui, justiça é miragem e o direito? Opcional. Eu sei que não sou exceção, sou a estatística encarnada. Sou CPF suspeito, sou porta revistada. A cela é mais que parede. É cor, é rua, é destino. É quem te olha e decide que teu lugar é o do menino que cai sem ser amparado, que some sem ser notado, e vira número frio no gráfico do Estado. Mas eu me recuso ao silêncio. Minha alma é tambor batendo. Se minha existência incomoda, é porque sigo vivendo.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 12/06/2025
Alterado em 21/06/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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