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Navio Ainda Negreiro
Vem, ouve! É o grito surdo das senzalas,
Que ecoa ainda, mesmo em arranha-céus… São vozes negras que, de mil favelas, Rasgando os céus, perguntam: “Onde os papéis?” Papéis de terra, escola, dignidade… Papéis de cor que o branco não rasgou! Brasil! Que contas tens com a verdade Que tua história escondeu e apagou? Não vês? A corrente muda de feição, Agora é farda, é bala, é exclusão. Não mais o aço, mas o olhar cruel Que fere a pele, e ergue um falso céu. E as “abolições”? Foram sem justiça… Sem casa, sem cuidado, sem perdão. Libertos, sim, porém com cicatriz, Na carne, na memória, no chão! Ah, Castro! Vem cantar comigo agora: Não mais no porão, mas no busão lotado, Não mais no tronco, mas na escola dura, Na rua escura, no ventre abandonado. Levanta o canto, oh raça guerreira! Pois cada verso é marcha, é rebelião! Se a dor é longa a alma é verdadeira, E a liberdade, negra de coração.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 13/06/2025
Alterado em 15/06/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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