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“Josepha vive nas Mães de Agora”
Em 1884, no Rio de Janeiro,
Josepha, preta, liberta, mãe subiu os degraus da justiça com a alma nos pés e a filha no coração. Bateu à porta da lei pra dizer: “Maria é minha.” Mas a lei, de olhos vendados e alma branca, respondeu: “não.” Maria ficou com o senhor. Com o mesmo que a feria. Com o mesmo que dizia ter direitos sobre a carne como se amor de mãe fosse mercadoria. Josepha perdeu no papel. Mas venceu no tempo. Porque hoje em cada favela onde uma mãe enfrenta o Estado, em cada fila de presídio onde uma mãe carrega sacola e dor, em cada audiência onde o juiz não ouve, mas decide, Josepha renasce. Ela vive nas mães que choram por filhos mortos pela polícia, nas que lutam pra tirar os filhos do CAPS, das grades, da rua, do tráfico, da negligência do SUS, do racismo que ainda decide quem vive e quem não vive. Ela vive nas que enfrentam conselho tutelar racista, nas que gritam nas portas das escolas: “meu filho não é marginal!” Josepha vive nas mães do Jacarezinho, da Cabula, de Heliópolis, nas mães do Fundão, da Periferia, nas que criam com migalha, mas sonham em abundância. Josepha é símbolo. É raiz. É memória que não se cala. Porque toda vez que uma mulher negra ergue a voz pra proteger sua cria a História se repete, mas com mais força, com mais nome, com mais nós. E se a Justiça ainda insiste em negar as Marias, as Josephas já aprenderam: nós não pedimos licença. nós ocupamos. nós resistimos. nós parimos revolução.
Edna Maria
Enviado por Edna Maria em 13/06/2025
Alterado em 15/06/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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